
Na manhã deste sábado, o Núcleo de pesquisas Comunicação e Culturas urbanas debateu "o retrato das grandes cidades na mídia e sua percepção pelo público". Na sessão 1 do núcleo, foram apresentados 5 trabalhos relacionados aos fenômenos sociais que envolvem a realidade dos centros urbanos.
Dentre as pesquisas apresentadas, vale destacar “Cidade dos medos x Cidade dos sonhos: o paradoxo das representações do jornal O Globo durante o Pan no Rio de Janeiro”, realizada pela Profa. Vânia Fortuna, da Universidade Veiga de Almeida (UVA), e pelo Porf. Ricardo Freitas, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
A pesquisa baseou-se na cobertura feita pelo jornal “O Globo” sobre os Jogos Panamericanos de 2007 e nas ocorrências policiais noticiadas pelo mesmo veículo nesse período. Vânia afirma que o evento foi supervalorizado e que o jornal associa a presença de um efetivo maior de policias a um momento de felicidade e liberdade vivido pelo Rio. “Durante o Pan as pessoas saíam mais, sociabilizavam mais. O Rio viveu um momento de euforia, mas com a preocupação constante do que aconteceria após o fim do evento”, afirma ela.
A pesquisa mostrou que “O Globo” deixou de lado, no período do evento, sua visão de uma Rio de Janeiro perigosa, admitindo um novo olhar sobre a cidade, retratada como segura e feliz. “O Rio é de fato uma cidade dos sonhos e possui uma alegria permanente de viver, o problema é que a violência marca de forma brutal o imaginário e o cotidiano da cidade”, comenta Ricardo.
O legado deixado pelo Pan Americano no Rio é algo polêmico. Segundo Vânia, houve um lado positivo. Foram deixados mais de 1.500 carros novos para a segurança pública, além de câmeras instaladas por toda a cidade e da restauração de importantes ícones arquitetônicos. Porém, a professora ressalta que a receita dos jogos poderia ter sido melhor investida. “Faltou planejamento por parte dos governos federal, estadual e municipal. A preocupação deveria ser com algo mais aprofundado, e não só com a “maquiagem” da cidade”, afirma ela.
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