Jornalismo Literário inaugura Semana UFSC



Primeira mesa redonda da Semana de Jornalismo UFSC debate o crescimento do gênero no país, que ainda engatinha



Com o tema “Narrativas do Fato”, a mesa redonda de abertura desta segunda-feira abordou o crescimento da produção de livros-reportagem no Brasil. Participaram da discussão os jornalistas Sérgio Vilas Boas, Kléster Cavalcanti e Cassiano Machado.

Sérgio Vilas Boas iniciou a conversa diferenciando dois tipos de livros-reportagem: um que conta uma história extensa com linguagem jornalística e outro que carrega a subjetividade do autor sem ferir os fatos e é escrita com linguagem literária. Sérgio comentou que a sustentação de um bom livro de não-ficção sestá nos personagens. “Quando escrevo, quero entender como as pessoas são, suas características individuais. Quero personagens que pensam e agem de forma diferente da multidão” afirma.

Vilas Boas ainda comentou a importância de estar no local dos fatos para produzir uma boa reportagem. Sobre o assunto, Kléster Cavalcanti ressaltou que o repórter precisa viver o problema para transmiti-lo com emoção e realismo. “Para um bom livro reportagem, o factual não interessa. O jornalista precisa contar o lado humano dos acontecimentos”, explica.

Kléster afirma que o jornalismo literário exige tempo, para uma apuração impecável dos fatos. Para Cassiano Machado, esse é o principal entrave ao crescimento do mercado de literatura de não-ficção. “Escrever uma obra de não-ficção exige muito tempo e trabalho e o mercado não está pronto para bancar” comenta. Cassiano reconhece que há um crescimento do gênero no Brasil, mas ressalta que ainda é “pífio”.

Apesar do consenso, Vilas Boas salienta que a ficção perdeu força nos últimos tempos, argumentando que os leitores se interessam mais pelo jornalismo literário que carrega subjetividade, mas, ao mesmo tempo, acolhe a objetividade. “Vivemos em um tempo febril, louco, em que a ficção é a própria realidade que pensamos viver. Há uma necessidade de se agarrar a algo que seja ou, ao menos, pareça real”, completa.



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