Por Giovani Vieira
Brincadeira! Fui escalado para cobrir um Festival de Bandas e não gosto de música. O que fazer? E o pior: era uma quinta-feira, logo depois de um dia cheio de tarefas. No entanto, a ocasião merecia um pouco de dedicação. Afinal, não é todo dia que a Rádio Unesp FM comemora 20 anos com um evento que une sua estrutura com o mundo universitário. E era o último dia de festa. Mesmo sem entender muito sobre musica e as novas tendências – daí a razão pelo “não gosto” do começo – resolvi encarar essa cobertura para a Jornal Júnior.
Lá estava eu naquele anfiteatro vazio. De repente, membros da organização descem as escadas com três troféus. Logo percebo a importância daquele dia. Resolvi entrevistar algum membro da Empresa Júnior de Relações Públicas, a RPjr, para saber o que iria acontecer naquela noite. Ítalo Carvalho, trainee de Projetos da empresa, contou entusiasmado que aquela quinta era mais do que especial: “hoje fechamos uma caminhada que começou em novembro do ano passado. Há muito tempo queríamos fazer algo assim no câmpus. Independente do vencedor, os beneficiados seremos todos nós”.
Fiquei mais ansioso ainda. Aos poucos, os estudantes ocupavam os seus lugares. Os apresentadores e técnicos da Rádio Unesp FM já estavam preparados para começar a transmissão do evento ao vivo. Na coxia do teatro, era possível ver o nervosismo dos integrantes das bandas que iam se apresentar.
Até aí, tudo parecia normal. Pelo que já tinha lido e visto, toda aquela mistura de agitações é comum em qualquer evento e ali não seria diferente. Resolvi relaxar por alguns minutos. De repente, moças bonitas, parecidas com aquelas de comerciais de TV, desceram as escadas do anfiteatro e começaram a distribuir energético de graça para o público. “Não. Isso não pode ser verdade”, pensei comigo. Tudo bem que era uma estratégia comercial, mas foi muito interessante ver o rosto de felicidade dos estudantes. Resisti àquela tentação. Estava a trabalho, nada de bebidas. Fiquei apenas admirando a beleza daquelas moças...
De repente, fez-se um silêncio e parecia que ia começar. Os apresentadores entraram no palco e de imediato anunciaram a primeira banda. Imaginei comigo que seria mais um pouco daquilo que costumamos ver nas garagens. No entanto, fui surpreendido. A Banda “L’s” trouxe o legítimo rock’n’roll para os potentes alto falantes. A atuação da banda agitou o público presente e a minha quinta-feira, que parecia a mais chata de todas as quintas-feiras, passou a ser uma das mais interessantes. O som era tão contagiante que foi possível observar um senhor balançando a cabeça e tocando seu instrumento invisível no ritmo da música. Achei aquela performance fantástica.
Depois de tocar uma música de autoria própria e fazer um cover, a banda “L’s” se retirou. Fiquei curioso em saber o porquê do nome da banda ser este. Corri até os camarins e lá encontrei a vocalista Louise. Depois de contar que também era unespiana do último ano de Educação Física, ela me contou que o nome da banda veio da primeira formação do grupo: “todos os integrantes tinham o nome iniciado pela letra L. Só depois de algum tempo que entrou um novo baixista e a sequência foi quebrada. Gostamos do nome e por isso resolvemos não mudar.” Terminei a entrevista dizendo que, para uma pessoa baixinha, ela tem uma voz muito potente. Em seguida, ouvi risos no melhor estilo rock ‘n’roll. Fotografei muito, tanto que a bateria da câmera chegou ao fim rapidamente. Tive que improvisar e captar as imagens com a minha máquina caseira.
A próxima banda a se apresentar no festival foi a ‘Marte em Chamas”. Descobri que a banda era composta por estudantes universitários de diferentes cursos e que tem influências de bandas como o U2, Muse e a brasileira Los Hermanos. Fiquei mais surpreso ainda e fiquei convicto de ter feito a opção de cobrir aquele evento. Felipe Lemes, vocalista da banda, acabou confidenciando que, embora os integrantes pareçam ser tão diferentes, a união era garantida pela “amizade de infância e o vício pela música”.
Resolvi ficar até o final, até porque a próxima banda a entrar no palco prometia trazer o melhor do blues. A “Estação Primeira de Bluseira” animou os presentes com uma música própria da gema, ácida e forte, como o vocalista Rodrigo Verídico descreveu. Blues do Arnesto, uma versão de Samba do Arnesto, de Adoniran Barbosa, deixou clara a proposta da banda: misturar música brasileira com blues e rock.
A última banda a passar pelo julgamento dos jurados foi a “Kães Elétricos”. Misturando experiência com música de qualidade, o trio de intérpretes fechou a noite de apuração. Como naqueles programas que revelam novas celebridades, os jurados desceram as escadas e se dirigiram a uma sala secreta para decidirem os vencedores. Nesse momento, descobri que no dia anterior também ocorreram apresentações – uma pena eu não ter ido. O nervosismo pela apuração toma conta do ambiente. Sinto-me envolvido pela mesma energia. Enquanto as notas eram somadas, a banda “Pé de Macaco”, composta por estudantes de Radialismo da Unesp Bauru, fez o show de encerramento do Festival.
Vitória a parte, o mais interessante foi perceber como um jornalista fora de seu habitat (pelo menos fora do meu) conseguiu se adaptar a uma nova realidade. Confesso que, assim como a diretora da Rádio e todos os presentes, fiquei surpreendido com o nível técnico das bandas e também da organização do evento. Espero fazer mais coberturas como esta, pois já estou me acostumando com o ambiente de músicas e ritmos.
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