Um jornalista fora d’água

Trocando academia por bandas

Por Giovani Vieira

Brincadeira! Fui escalado para cobrir um Festival de Bandas e não gosto de música. O que fazer? E o pior: era uma quinta-feira, logo depois de um dia cheio de tarefas. No entanto, a ocasião merecia um pouco de dedicação. Afinal, não é todo dia que a Rádio Unesp FM comemora 20 anos com um evento que une sua estrutura com o mundo universitário. E era o último dia de festa. Mesmo sem entender muito sobre musica e as novas tendências – daí a razão pelo “não gosto” do começo – resolvi  encarar essa cobertura para a Jornal Júnior.

Abandonar um pouco os livros, as teses, os artigos, resenhas, ufa. Essa era a minha meta para as próximas quatro horas daquela noite. Para me familiarizar com o ambiente, resolvi chegar uma hora antes do evento começar. Guilhermão vazio: esse foi o cenário que encontrei. Aproveitei para preparar o material de trabalho: bloco de anotações, caneta, gravador e câmera fotográfica, tudo em mãos. Não sei explicar muito bem, mas num determinado momento me senti como se estivesse fora do meu mundo. Na realidade, estava.

Lá estava eu naquele anfiteatro vazio. De repente, membros da organização descem as escadas com três troféus. Logo percebo a importância daquele dia. Resolvi entrevistar algum membro da Empresa Júnior de Relações Públicas, a RPjr, para saber o que iria acontecer naquela noite.  Ítalo Carvalho, trainee de Projetos da empresa, contou entusiasmado que aquela quinta era mais do que especial: “hoje fechamos uma caminhada que começou em novembro do ano passado. Há muito tempo queríamos fazer algo assim no câmpus. Independente do vencedor, os beneficiados seremos todos nós”.

Fiquei mais ansioso ainda. Aos poucos, os estudantes ocupavam os seus lugares. Os apresentadores e técnicos da Rádio Unesp FM já estavam preparados para começar a transmissão do evento ao vivo. Na coxia do teatro, era possível ver o nervosismo dos integrantes das bandas que iam se apresentar.

Até aí, tudo parecia normal. Pelo que já tinha lido e visto, toda aquela mistura de agitações é comum em qualquer evento e ali não seria diferente. Resolvi relaxar por alguns minutos. De repente, moças bonitas, parecidas com aquelas de comerciais de TV, desceram as escadas do anfiteatro e começaram a distribuir energético de graça para o público. “Não. Isso não pode ser verdade”, pensei comigo. Tudo bem que era uma estratégia comercial, mas foi muito interessante ver o rosto de felicidade dos estudantes. Resisti àquela tentação. Estava a trabalho, nada de bebidas. Fiquei apenas admirando a beleza daquelas moças...

De repente, fez-se um silêncio e parecia que ia começar. Os apresentadores entraram no palco e de imediato anunciaram a primeira banda. Imaginei comigo que seria mais um pouco daquilo que costumamos ver nas garagens. No entanto, fui surpreendido. A Banda “L’s” trouxe o legítimo rock’n’roll para os potentes alto falantes. A atuação da banda agitou o público presente e a minha quinta-feira, que parecia a mais chata de todas as quintas-feiras, passou a ser uma das mais interessantes. O som era tão contagiante que foi possível observar um senhor balançando a cabeça e tocando seu instrumento invisível no ritmo da música. Achei aquela performance fantástica.


Depois de tocar uma música de autoria própria e fazer um cover, a banda “L’s” se retirou. Fiquei curioso em saber o porquê do nome da banda ser este. Corri até os camarins e lá encontrei a vocalista Louise. Depois de contar que também era unespiana do último ano de Educação Física, ela me contou que o nome da banda veio da primeira formação do grupo: “todos os integrantes tinham o nome iniciado pela letra L. Só depois de algum tempo que entrou um novo baixista e a sequência foi quebrada. Gostamos do nome e por isso resolvemos não mudar.” Terminei a entrevista dizendo que, para uma pessoa baixinha, ela tem uma voz muito potente. Em seguida, ouvi risos no melhor estilo rock ‘n’roll. Fotografei muito, tanto que a bateria da câmera chegou ao fim rapidamente. Tive que improvisar e captar as imagens com a minha máquina caseira.

A próxima banda a se apresentar no festival foi a ‘Marte em Chamas”. Descobri que a banda era composta por estudantes universitários de diferentes cursos e que tem influências de bandas como o U2, Muse e a brasileira Los Hermanos. Fiquei mais surpreso ainda e fiquei convicto de ter feito a opção de cobrir aquele evento. Felipe Lemes, vocalista da banda, acabou confidenciando que, embora os integrantes pareçam ser tão diferentes, a união era garantida pela “amizade de infância e o vício pela música”.

Resolvi ficar até o final, até porque a próxima banda a entrar no palco prometia trazer o melhor do blues. A “Estação Primeira de Bluseira” animou os presentes com uma música própria da gema, ácida e forte, como o vocalista Rodrigo Verídico descreveu. Blues do Arnesto, uma versão de Samba do Arnesto, de Adoniran Barbosa, deixou clara a proposta da banda: misturar música brasileira com blues e rock.

A última banda a passar pelo julgamento dos jurados foi a “Kães Elétricos”. Misturando experiência com música de qualidade, o trio de intérpretes fechou a noite de apuração. Como naqueles programas que revelam novas celebridades, os jurados desceram as escadas e se dirigiram a uma sala secreta para decidirem os vencedores. Nesse momento, descobri que no dia anterior também ocorreram apresentações – uma pena eu não ter ido. O nervosismo pela apuração toma conta do ambiente. Sinto-me envolvido pela mesma energia. Enquanto as notas eram somadas, a banda “Pé de Macaco”, composta por estudantes de Radialismo da Unesp Bauru, fez o show de encerramento do Festival.




Mas o momento tão esperado para aqueles que se apresentaram veio logo após a diretora da Rádio Unesp FM, Cleide Portes, fazer um pronunciamento que deixou todos os presentes entusiasmados, inclusive eu. Ela revelou que mais edições são programadas para este e os próximos anos. Com a abertura dos envelopes, a tensão tomou conta. Em terceiro lugar ficou a banda “L’s”, contemplada com uma viagem ao Instituto de Artes da Unesp, na cidade de São Paulo. O segundo lugar do festival ficou com a banda “Samanah”, e tão esperado primeiro lugar foi para a “Estação Primeira de Bluseira”. A banda conseguiu 24 horas de gravação no estúdio, além de ter uma música tocada por um ano na Rádio Unesp FM e mais uma entrevista no programa Unesp Notícias, o principal da emissora.

Vitória a parte, o mais interessante foi perceber como um jornalista fora de seu habitat (pelo menos fora do meu) conseguiu se adaptar a uma nova realidade. Confesso que, assim como a diretora da Rádio e todos os presentes, fiquei surpreendido com o nível técnico das bandas e também da organização do evento. Espero fazer mais coberturas como esta, pois já estou me acostumando com o ambiente de músicas e ritmos.



Você na Palestra com Fábio Marra





Fábio Marra ministra palestra na Unesp de Bauru

Fábio Marra fala sobre a importância dos elementos visuais no jornalismo impresso
Por Lucas Esteves






 Aconteceu ontem, na Sala de Conferência da Unesp de Bauru, a palestra do editor de artes da Folha de S. Paulo, Fábio Marra. O evento foi organizado por nós, da Jornal Júnior, para promover a discussão em torno da importância dos elementos visuais como fotos, infografia e desenho de páginas no jornalismo.
A palestra, que contou com a presença de mais de 110 pessoas, começou com Marra fazendo algumas observações e discutindo alguns tópicos relacionados à área do jornalismo em linhas gerais. “Evidente que os computadores estão aí para nos ajudar, mas a apuração jornalística tem de ser feita na rua, em contato com a rua”, disse Fábio sobre o uso da internet pelos jornalistas. O editor ainda falou sobre a necessidade do domínio de uma segunda língua e sobre como o jornalismo é uma área mais ampla do que as pessoas imaginam.

Jornalismo e design

Ao entrar na discussão sobre a parte do jornalismo ligada ao design, Marra falou sobre como os cursos de jornalismo ainda não conseguem passar aos estudantes o conhecimento necessário sobre informação visual. “O jornalista tem que trabalhar como designer para poder juntar todo o conteúdo que ele tem em um produto final”, afirmou.



Fábio Marra também mostrou exemplos de infográficos, destacando sempre a importância que a organização da página tem na hora de chamar e manter a atenção do leitor. “As pessoas deixam de ler jornal pela sequência de leitura mal feita na página”, explicou. Segundo Marra, designers e jornalistas têm de serem parceiros. “Em inúmeros casos, o infografista tem que ir pra rua, seja por conta própria ou acompanhando o repórter”, contou.

A palestra chamou a atenção dos ouvintes, que participaram ativamente fazendo perguntas durante a explanação.

O essencial

Fábio Marra fechou seu discurso ressaltando a importância predominante do bom texto escrito, a necessidade do jornalista de “pinçar o relevante” das suas pautas e afirmou que “o jornalista deve interferir na parte visual”. Como as quatro palavras-chave para o jornalismo bem feito, Marra destacou “rigor, seriedade, ética e precisão”.


Crédito das imagens: Lucas Loconte e Renan Fantinato




“Uma estrela no céu do chão”

Marcelo Jeneci faz show pertinho da galera e cumpre expectativas na abertura do festival da Rádio Unesp FM

Por Bárbara Belan



Regiane Folter

Marcelo Jeneci entrou no palco de forma rápida e pontual às nove horas da noite. O show ocorreu no Sesc Bauru em um palco baixo e muito próximo ao público, em clima familiar. As pessoas foram chegando e se acomodando em mesinhas da lanchonete ao lado ou em pé mesmo, pertinho do cantor.

 O público era basicamente jovem e, devido ao festival da rádio Unesp FM, os estudantes da universidade eram maioria. Em um clima de intimidade, o cantor recebeu até um bilhete dos estudantes no palco e fez piadas com os “unespianos”.

 Marcelo Jeneci tocou vários instrumentos durante a performance, como piano, sanfona, guitarra e até reco-reco. As músicas variaram entre lentas e animadas, e incluiu até mesmo a canção “Amado”, que Marcelo compôs em parceria com Vanessa da Mata, para o delírio das meninas presentes.

 A plateia foi muito participativa, pedindo músicas e as acompanhando com palmas. A estudante Maria Candida afirma que suas expectativas quanto ao show foram cumpridas. “O show dele é muito bom, os músicos são excelentes”, comenta.

 O trainee administrativo da Empresa Júnior de Relações Públicas da Unesp, Victor Frascarelli, explica o porquê do show não ser no teatro da Unesp (Guilhermão) como nos outros dias: “o simples motivo foi que o Sesc não pode trazer shows que não seja na sua estrutura. A nossa intenção inicial era de ser no Guilhermão, mas não tivemos opção.”

 A parceria com o Sesc foi feita justamente para trazer Marcelo Jeneci, que é um artista de maior projeção do que as demais bandas inscritas no festival. Victor ressalta que não tiveram nenhum problema com a parceria.

 A organização do evento começou em outubro de 2010 e se concretizou com o show de abertura do festival. “Estamos realizando esse sonho, que é comemorar dignamente esses 20 anos da radio Unesp FM. Isso é muito mais do que uma rádio fazendo aniversário: é uma conquista da nossa universidade pública que vem acontecendo desde 1991”, comemora Victor.

 A RPjr está com uma grande expectativa de público, pois acredita que a divulgação do evento foi muito grande. “Contando com o Sesc e as duas noites no Guilhermão, temos a expectativa de mais ou menos 2000 pessoas passando pelo evento. Vamos sair do reggae, ir até o trash metal e voltar para o samba, então tem música para todos os gostos”, finaliza o trainee.



A honra de ouví-los um pouco mais


Depois de extasiantes palestras os maiores nomes do congresso ainda davam coletivas à imprensa

Por Laura Luz e Regiane Folter

Mesmo com a oportunidade de facilmente sanar dúvidas nas palestras do 3º Congresso de Jornalismo Cultural através de papeizinhos que vinham anexados na programação, os jornalistas tinham a honra de contar com uma grade especial de coletivas com os mais importantes nomes de palestrantes desse ano no congresso.

Os escolhidos foram nomes como o cineasta alemão Werner Herzog, o escritor cubano Pedro Juan Gutierrez, a ensaísta e escritora norte-americana Camille Paglia, o historiador e escritor francês Roger Chartier e o jornalista estadunidense Jon Lee Anderson.

Nas coletivas os jornalistas inscritos previamente podiam perguntar na língua original do entrevistado ou em português auxiliados pela tradução simultânea. O horário das coletivas não coincidia com os das palestras mais muitas vezes se prolongava até o início de algumas delas.

Na coletiva de Werner Herzog, o cineasta foi indagado sobre assuntos variados, que muitas vezes não correspondiam ao seu trabalho como cineasta. Foi o caso em que perguntaram sobre a sua opinião sobre a atitude do presidente Obama em relação a morte de Osama Bin Laden.

Depois, Herzog respondeu sobre a tecnologia no cinema e comentou sobre sua indiferença quanto a ela; “Tecnologia não afeta minha forma de trabalho”. Além disso, voltando sobre o assunto Estados Unidos, o cineasta falou sobre a relação dos americanos com o resto do mundo do cinema.




 Grande cineasta atendeu humildemente os  jornalistas

Pedro Juan Gutierrez falou em sua coletiva de assuntos pontuais, como sobre a sua forma de escrita. Ele revelou escrever seus livros por um longo tempo e por ser tão perfeccionista não vê com bons olhos o trabalho do editor; “Mesmo que pareça mentira, eu nunca escrevi por dinheiro”.

Revelou querer escrever de lugares como México e Brasil e ser bastante descritivo no que gosta nos países. Falou sobre sua disciplina de trabalho, agora menos obedecida e sobre uma vida sofrida pela qual passara; “Ou me matava ou escrevia”.

 “Queria matar esse personagem Pedro Juan e não consigo”,
 conta o escritor sobre seu próprio estereótipo


A coletiva de Camille Paglia foi permeada por perguntas de cunho pessoal, afinal a escritora era uma das figuras mais polêmicas do Congresso. Lésbica declarada, defensora do feminismo e estudiosa do sexo responde a cada pergunta com uma longa e empolgada resposta.

Falou sobre a reação de seus pais diante da descoberta de sua opção sexual, sobre sua relação com a TV e com muita empolgação falou da sua relação de paixão com o Brasil, estendida a cantora Daniela Mercury a quem admira imensamente. Além disso, comentou também sua relação pouco íntima com a internet; “Eu não tenho facebook, Twitter, não leio blog, mas adoro explorar a internet”; e seu saudosismo pela revista Time e seu gosto pelo jornal impresso. Professora na faculdade de artes na Philadelphia mostrou preocupação quanto a consciência crítica dos seus jovens alunos; “se você não lê crítica, você não cria consciência crítica, não há debate!”.



 The brain is changing! Camille comenta as mudanças
 no estímulo das pessoas

Jon Lee Anderson falou em sua coletiva sobre suas viagens que renderam reportagens com histórias humanas, cujo objetivo é despertar no leitor alguma dúvida ou ideia. O jornalista, que apoia a revista Etiqueta Negra, comentou sobre a imprensa na América Latina e criticou a falta de contexto histórico nas matérias: “Ninguém aqui pode me explicar o que está acontecendo no Sudão, sua história, a origem de seus conflitos”.

A importância de seduzir o leitor é a meta do jornalista ao ver de Jon, que vê as novas tecnologias como possibilidade de criação de novos formatos criativos. Ele também compartilhou suas opiniões políticas sobre diversos países, como China e Oriente Médio

As coletivas de sexta feira encontraram alguns problemas, a primeira com Roger Chartier na parte da manhã foi cancelada e a de Jon Lee Anderson foi adiada e coincidiu com o debate Cultura e Economia: O fomento da arte e da cultura frente aos desafios contemporâneos. Apesar do pouco tempo destinado às perguntas, as coletivas foram boas oportunidades de conhecer um pouco mais a fundo o trabalho e a vida dos convidados.

Fotos: Laura Luz



Você no Congresso de Jornalismo Cultural




Fábio Marra ministra palestra na Unesp de Bauru

Confira aqui o perfil do palestrante

Por Lucas Esteves

Formado em Publicidade e Propaganda pela ECA-USP, Fabio Marra atua na área do jornalismo há mais de 20 anos. Já trabalhava com jornalismo visual na Folha de S. Paulo desde 1990 quando, em 2006, assumiu o cargo de Editor de Artes do jornal. Já ministrou palestras em várias universidades, explorando a importância da transmissão de informações através de imagens, infográficos, etc.

Fábio Marra já fez especializações nas áreas de infografias e layout de páginas em cursos do Poynter Institute e da Society for News Design (SND), nos Estados Unidos, e na Universidad Pompeu Fabra, na Espanha.

Seu nome aparece na lista de trabalhos premiados da SND, que seleciona os melhores desenhos de páginas de jornais em todo o mundo. Também ganhou o Malofiej, prêmio espanhol para infografia.

A palestra de Fábio Marra, que acontece nesta quarta-feira (25) na Unesp de Bauru, terá o tema “Arte, design e planejamento gráfico no jornalismo”. O evento acontece na Sala 1, às 16h30.



Vida Própria

Após ser preterida na Virada Paulista, Bauru faz seu próprio movimento cultural

Por Luís Morais



Sábado de clássicos como “Mama África” e “Respeitem Meus Cabelos Brancos” (Foto: Jéssica Mobílio)

A Revirada Cultural mostrou que Bauru consegue sobreviver sozinha. Pelo menos culturalmente. E o ápice musical desse sábado foi, sem dúvidas, Chico César. A junção do forró de raiz paraibano, somado a riffs e solos do rock, forma um som dançante e interessante, além da influência direta (e citada) do manguetown de Chico Science e do reggae de Jimmy Cliff. A “multimusicalidade” tomou forma.
“Praticar cultura. É o que a gente precisa fazer.”
(Foto: Lígia Ferreira)

Apesar de toda essa mistura, Chico César aposta e investe no som regional. O secretário da cultura da Paraíba, aliás, demonstra preocupação com os artistas locais, não só de Bauru, como de todo país: “Vamos investir com o que tem a ver com esse lugar. A coisa mais difícil é se reconhecer. O Brasil é multi-cultural. É fácil receber Sting, Paul McCartney... mas existe algo que é essencial nessa região agora. Isso é um desafio.”

A organização da Revirada trouxe somente Chico César de fora da região, e o evento parabenizado pelo artista. “Uma vida cultural que não está atrelada a nada. Bauru e região conseguiram fazer uma coisa bonita”, afirma. É bom lembrar que a cidade bauruense foi preterida de última hora pelo governo de São Paulo para ser uma das sedes da Virada Cultural Paulista: aproveitou a infra-estrutura que já tinha pronta e fez o seu próprio show.

Show com clássicos como “Mama África” e “Respeitem Meus Cabelos Brancos”, além da bela canção “Pensar em Você” trouxeram ao público bauruense um momento musical especial, de pura cultura. É a cartilha seguida por Chico César: “Praticar cultura. É o que a gente precisa fazer.” No sábado, isso foi feito.



Banda bauruense agita o segundo dia da Revirada Cultural

Repertório a base de rock’n roll fez do grupo L’s uma das atrações mais esperadas

Por Mariana Duré

Já passava das duas da tarde quando a banda L’s subiu ao palco. O sol espantava todo o frio da noite anterior e fazia com que as pessoas se amontoassem debaixo das árvores do Parque Vitória Régia. O céu azul, com esparsas manchas esbranquiçadas, tornava a espera prazerosa.  

A Vocalista Louise Leme


O show trouxe clássicos do rock’n roll do começo ao fim revividos pela voz marcante da vocalista Louise Leme, que entre saltos e palmas animava o crescente público que se espalhava pela grama. Mesmo quando uma das cordas do baixo estourou e os outros integrantes do grupo foram prestar auxílio, Louise não parou de cantar, engatando uma capela de Janis Joplin.
 
Segundo a vocalista, a cena musical de Bauru está começando a se desenvolver e a dar espaço para as bandas independentes. A L’s se apresenta regularmente no Armazém, Luna Bar e On the Road, além de participar com frequência de eventos organizados pela prefeitura. “A gente percebe o esforço da Secretaria da Cultura, e isso é muito bom, porque aqui em Bauru existem várias bandas com qualidade musical que podem dar um passo à frente”, afirma Louise.

Cerca de 40 minutos após o início do show, tendo tocado além de clássicos internacionais, canções de autoria própria – que futuramente integrarão o primeiro CD da banda –, a L’s finaliza sua passagem pela Revirada Cultural com a música Welcome to the Jungle, do Guns’n Roses.

Público animado ao som da banda L’s


Vanessa dos Santos Melo, que acompanhou de perto toda a apresentação do grupo, afirma ter ido ao festival só para prestigiá-los. “Para mim, a banda L’s é a melhor atração da Revirada Cultural”, confirma.



Cineasta Glauber Rocha é homenageado durante Congresso

“A contradição é o princípio da democracia, há necessidade do diálogo e do antidiálogo, pois da discussão nasce a luz”
Por Regiane Folter

O cinema novo surge como um movimento de vanguarda na década de 50, contemporâneo à movimentos em todo o mundo, como a Nouvelle Vague francesa e o cinema novo alemão. Resultado de uma mistura entre a cinefilia e o engajamento político, essa nova fase do cinema brasileiro faz um reflexão sobre a cultura e o papel da sétima arte na cultura, na sociedade e na política.
                
O cineasta Glauber Rocha foi um dos principais representantes do cinema novo com seus filmes políticos e modernistas e o escolhido como homenageado pelo 3º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural.
                
Nos seus filmes, Glauber trabalha com temáticas de enfrentamento e crise, rupturas, o oprimido que busca justiça, jogo de forças. Ele também foi jornalista, e trabalhou em vários veículos, como o Jornal da Bahia, o Diário de Notícias e o Jornal do Brasil. O Glauber cineasta aparece pela primeira vez em 1959, ainda como assistente de produção nas filmagens de Rio Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos. Seu primeiro longa-metragem, Barravento, estreou em 1962. Em 1964 lançou Deus e o Diabo na Terra do Sol e em 1967, Terra em Transe. Em 1969, Glauber estréia O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, que lhe renderia o Prêmio de melhor direção no Festival de Cannes.
                
Durante o Congresso, o documentário Anabazys foi exibido no primeiro dia do evento e a palestra O cinema político de Glauber Rocha discutiu a obra do cineasta com a participação do crítico Ismail Xavier na sexta-feira, dia 20. Além disso, o CineSESC trouxe a Mostra Glauber Rocha nos dias 19, 20, 21 e 22 de maio, na qual diariamente foram exibidos os principais longas da carreira de Glauber.
              
19/05 – Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
20/05 – Terra em Transe (1967)
21/05 – O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969)
22/05 – O Leão de Sete Cabeças (1970)


Cena de O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro



Oh, no! Eu no falar Portuguese!

A tradução simultânea permite que pessoas de diferentes nacionalidades se compreendam no Congresso

Por Regiane Folter
“O intérprete só trabalha sozinho quando o trabalho vai durar no máximo uma hora”, explica a intérprete Lourdes.



O cineasta alemão Werner Herzog terminou sua coletiva de imprensa na terça-feira, dia 17, fazendo um agradecimento especial. “Obrigado às pessoas que fizeram a tradução para mim”. Você pensa no profissional que faz você compreender aquele palestrante estrangeiro? O intérprete e o técnico de áudio são responsáveis por fazer a tradução simultânea em eventos como o Congresso Internacional de Jornalismo Cultural, que reúne pessoas falantes de diferentes idiomas.

O técnico José Almir trabalha há mais de 20 anos montando e operando os equipamentos de áudio que fazem a tradução simultânea acontecer. “Onde tiver um estrangeiro, a gente está lá com o equipamento”, garante Almir, que faz a instalação do aparelhamento no auditório e depois acompanha o trabalho das tradutoras nas cabines superiores do local.
                
Em eventos nos quais serão falados dois idiomas, são necessários dois tradutores. Três idiomas, como é o caso do Congresso, requerem quatro tradutores. Quatro línguas, seis tradutores; até dez idiomas podem ser traduzidos em um mesmo espaço. Essa exigência é necessária para garantir a qualidade da tradução e também para um colega auxiliar o outro. As tradutoras Lourdes Spinola e Paula Coutinho trabalham no ramo há 11 anos e fizeram a tradução do inglês no terceiro dia de Congresso. Segundo elas, traduzir exige muita concentração e, para evitar o desgaste, elas se revezam a cada meia hora.

Problemas durante a tradução podem ser causados por má qualidade do som, que deve chegar às cabines puro, cristalino, sem interferência e sem chiado. Outro problema pode ser o sotaque do palestrante. Pessoas de outras nacionalidades falando em inglês, por exemplo, podem atrapalhar a compreensão. “Você consegue usar alguns mecanismos pra contornar a situação, porque ‘dar branco’ não pode acontecer”, diz Paula.



A sétima arte e as novas tecnologias

O cinema e as transformações digitais são foco do quarto dia de Congresso

Por Regiane Folter

O quarto e último dia do 3º Congresso Internacional de Jornalismo Cultural começou com a palestra O jornal e o livro na era digital, ministrada pelo historiador e escritor francês Roger Chartier. A velha discussão “os materiais impresso vão ser substituídos pelos digitais?” tomou um rumo otimista, pois para Chartier todas as plataformas (manuscrito, impresso, digital) podem conviver pacificamente, uma vez que o importante é o conteúdo e não o suporte.

Às 11h30, a palestra O cinema político de Glauber Rocha: entre o sagrado e o profano discutiu o formato e temáticas abordadas pelo cineasta brasileiro. O escritor e crítico Ismail Xavier falou a respeito do cinema novo e das características da obra de Glauber através da apresentação de trechos de filmes dele, como Terra em transe (1967).
               
O debate A relação entre cinema e crítica trouxe os jornalistas Ricardo Calil e Isabela Bocov e o cineasta Hector Babenco. Os palestrantes falaram a respeito da crítica de cinema atual, que está mais relacionada ao gosto pessoal do crítico do que com uma reflexão a respeito do filme.
               
Em seguida, a palestra Cultura e economia discutiu as políticas públicas de incentivo à cultura. Foi a mesa mais cheia de todo o congresso, com quatro palestrantes: o diretor-superintendente do Itaú Cultural Eduardo Saron, o advogado Fabio de Sa Cesnik, o representante do Ministério da Cultura Vitor Ortiz e o diretor do centro cultural do Banco do Brasil Marcelo Mendonça.
                
O jornalista estadunidense Jon Lee Anderson contou suas experiências em cobertura de conflitos políticos como na Líbia e no Egito na palestra Conversando com o jornalista e escritor Jon Lee Anderson.
"O que fazemos é contar histórias, e todos querem ler boas histórias", Jon Lee Anderson

A palestra O perigo das sombrias nuvens digitais fechou o congresso com a fala do escritor e crítico esloveno Slavoj Zizek. Liberdade, racismo, censura e ideologia foram alguns dos temas discutidos na bem-humorada palestra de Zizek. 



O sabor da Vitória



Jornal Júnior ganha prêmio em um dos congressos mais importantes de comunicação do Brasil

                                Diretores recebendo a medalha de melhor empresa Júnior de jornalismo no Sudeste

Por Laura Luz

Como descrever uma sensação de dever cumprido? Como demonstrar em um texto o sabor de uma vitória tão almejada? Ser vencedor do Expocom Sudeste na categoria Empresa Júnior de Jornalismo foi mais que um prêmio para a nossa empresa, foi uma prova de reconhecimento.
A Jornal Júnior foi fundada em 2006 e passou por um grande período ocioso. Na prática só tem 2 anos de funcionamento, passando por apenas 3 gestões, o que engrandece ainda mais sua vitória.
Nos dias 12 a 14 de maio aconteceu o XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, o Intercom, um dos mais importantes congressos de comunicação do país, com estudantes e profissionais de publicidade, jornalismo e relações públicas. Ele é dividido entre conferências, painéis divisões temáticas, oficinas, shows, lançamento de produtos e apresentação de trabalhos divididos entre o Expocom e o Intercom Jr.
 Dessa vez, três diretores da atual gestão foram ansiosos e uniformizados mostrar na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, a FECAP, em São Paulo, a estrutura e o trabalho da empresa.
De forma segura e sucinta o diretor presidente, Odelmo Serrano, apresentou ao corpo de jurados a empresa, que julgou a nossa agência Júnior de Jornalismo a melhor.
Eu, Laura Luz, diretora de Projetos e Lucas Gandia, diretor administrativo financeiro vibramos junto ao presidente na premiação e estamos junto aos demais membros mais do que dispostos a concorrer na mesma categoria no Intercom Nacional, que esse ano vai ser sediado em Recife.
Parabéns a toda equipe que, tenho certeza, vai junta trazer mais e mais prêmios, reconhecimento e sucesso à Empresa.





Como é ser Jornalista Cutural?

O que é e o que se pode esperar desse profissional que às vezes tem status de artista


Por Laura Luz

Ano passado participei pela primeira vez do Congresso Internacional de Jornalismo Cultural e posso dizer com convicção que foi nele que me descobri melhor nessa área. Às vezes quando assistia a uma aula em que estereótipos negativos do ser jornalista eram exaltados eu pensava que devia rever meu conceito na futura profissão, afinal não é lá um dos meus maiores desejos ser alguém com a saúde debilitada, uma aparência cansada e com vícios que vão de café ao número de pizzaria.
Foi por isso que conhecendo pessoas que eram o que eu almejava ser que pude concluir que essa era a profissão certa pra mim. Muitos dos jornalistas que passavam pelas mesas de debates e mesmo aqueles que eram expectadores das palestras me arrancavam suspiros de admiração, tanto por seu modo de falar pouco prolixo e denso e por suas aparências agradáveis de quem, diferente do que eu pensava, tinha uma vida social ativa, promissora e muito provavelmente divertida.
Por isso, aproveito esse espaço para alertar a outros estudantes de jornalismo que, como eu, já sabem a editoria a qual querem seguir na profissão e sem extremismo já podem ir conhecendo por meio de palestras e congressos como se encaixam nesses perfis.
E concluindo, ser jornalista e crítico cultural pode ser exatamente aquilo que se sonhou, sem repressão para construir um personagem da vida real que ama arte, cultura, leitura e principalmente o jornalismo na sua simbologia mais profunda e promissora.
Para ser mais direta e não pretensiosa o suficiente para criar mais um estereótipo vejam algumas fotos de pessoas que passaram pelo congresso no SESC.



Rosemeire Cristina Silva, jornalista


  Aguinaldo Soares Da Costa, sociólogo e 
   assessor de imprensa do SESC São Carlos


                                                                  Jeyne Stakflett, atriz e garota propaganda do Sesc 
                                                               Já trabalhou com Héctor Babenco no filme Carandiru

                                             Patrícia Ribeiro, estudante de jornalismo da Cásper Líbero

Fotos: Giuliana Chorilli e Laura Luz